Post original e imagem de capa: Youth, skills, and resilience: the view from WorldSkills Champions
Em um ano normal, o World Youth Skills Day (em português, Dia Mundial das Habilidades Juvenis) reconhece e celebra a importância das habilidades profissionais e da educação em áreas que vão da promoção de emprego à igualdade de gênero.
Este, entretanto, não é um ano normal. A COVID-19 ameaça o futuro de milhões de jovens em todos os continentes. Como mostrou o WorldSkills Conference Talk final, apesar da atual crise, os jovens da família WorldSkills estão determinados a encontrar soluções e um caminho a seguir.
Realizada em 15 de julho, o Talk final da série reuniu cinco campeões do WorldSkills, além de visões e sugestões tão diversas quanto suas habilidades e localizações.
Como destacou o moderador do Talk, Chris Humphries, Presidente Interino da WorldSkills, o coronavírus criou a recessão global mais profunda em décadas.
Segundo algumas estimativas, um em cada seis jovens parou de trabalhar, enquanto os que ainda estão empregados perderam quase um quarto de suas horas de trabalho. Também houve fechamento em massa de centros de aprendizagem.
“O coronavírus teve um impacto catastrófico nas perspectivas econômicas dos jovens”, disse ele.
Para outro palestrante, Borhene Chakroun, Diretor da Divisão de Políticas e Sistemas de Aprendizagem ao Longo da Vida da UNESCO, este dia, com o tema “habilidades para jovens resilientes”, foi “uma oportunidade para a comunidade internacional considerar a importância de garantir que os jovens adquirir as habilidades relevantes para a vida e o trabalho. ”
Isso inclui mais do que aquelas oferecidas atualmente por educação e treinamento com “outro conjunto de habilidades importantes que são sobre o envolvimento na sociedade”. Em outas palavras, significa desenvolver “a capacidade de navegar em um mercado de trabalho problemático e entender aonde estão as oportunidades, aonde estão os desafios e gerenciar suas expectativas”.
Campeões da WorldSkills
Cada um dos participantes foi convidado a falar sobre um tema específico.
Para Anna Prokopenia, da Rússia, ex-representante da Europa no WorldSkills Champions Trust, o tema foi sobre educação interrompida. Como padeira e confeiteira que está treinando na França, a perda do aprendizado prático levou a “uma queda inevitável na qualidade da minha educação”, disse ela, com professores e alunos sofrendo.
Ela acredita que o próximo caminho é procurar motivação interna, “para encontrar algo em nós, que destaque nossos sonhos, nossas paixões e nossos interesses. Aprender não porque alguém nos disse que precisamos aprender.”
No futuro, a educação deve se concentrar mais no crescimento pessoal, “levando em consideração as histórias, circunstâncias e talentos pessoais de todos para descobrir o que nos torna especiais e tentar desenvolvê-los”.
Como web designer na Alemanha, Daniel Christophersen, representante europeu do Champions Trust, disse que tentou entender como não foi tão atingido pela COVID-19.
Examinando o tema das habilidades transferíveis, ele disse que sua empresa havia se adaptado rapidamente à mudança da situação. Também era importante aprender, em seu campo, habilidades mais amplas do que apenas as de web design. Isso inclui comunicação, gerenciamento de tempo, solução de problemas e, acima de tudo, autodidática ou auto-aprendizagem.
Fora do trabalho, essas habilidades transferíveis o ajudaram a estabelecer serviços de streaming a partir de sua igreja. “Esta tem sido uma grande superpotência para minha vida profissional e pessoal”, afirmou.
Como solução para a educação interrompida, os limites da tecnologia foram levantados por Chirag Goel, ex-representante da Champions Trust na Ásia. Ele é estudante de tecnologia da Índia que, agora, estuda nos Estados Unidos. Isso incluía desafios mentais, o limite cada vez menor entre a vida privada e pessoal e a falta de qualidade na educação à distância.
“A tecnologia não é uma varinha mágica”, disse ele. “Colocar palestras on-line não será suficiente.” Uma questão importante foi o fato de quase metade do mundo ainda não ter acesso à educação digital; “não devemos manter a educação das pessoas refém de sua capacidade de comprar tecnologia ou limitar a infraestrutura disponível para esse país”.
Leo Rodrigues, representante do Champions Trust para as Américas do Brasil, conquistou uma nota positiva e uma medalha de ouro para a Jewellery no WorldSkills São Paulo 2015.
Segundo ele, a experiência do bloqueio o fez repensar sobre seu relacionamento com os clientes. “Comecei a ser criativo e inovador na maneira de traduzir e de incluir mais o cliente no processo de concepção e produção”, disse.
“Ter o cliente no centro da peça, ouvindo suas respectivas opiniões, fazendo alterações de acordo com o que ele deseja e mantendo o alto padrão de qualidade.” Como resultado dessa estratégia, suas vendas aumentaram.
Por fim, Amelia Addis, da Nova Zelândia, representante da Champions Trust para a ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) e Oceania, falou sobre as preocupações pessoais de muitos jovens durante a pandemia. Sobre o tema da dúvida, primeiramente, perguntou-se se seus negócios, que incluíam uma floricultura e um workshop de garagem, sobreviveriam ao lockdown.
“Essa pandemia é diferente de qualquer outro desafio que enfrentei e, em vez de me deixar positiva, me deixou realmente duvidosa e sem confiança para inovar e me adaptar”, afirmou. Recuperar a confiança e seguir em frente com o que ela chamou de “modo de sobrevivência” significava superar essa dúvida. Para isso, os jovens precisavam de apoio para entenderem que todos foram afetados pela pandemia e que seus sentimentos eram normais.
“A dúvida não é o fim da jornada, é uma oportunidade de crescimento.”, concluiu.
Abaixo, confira e assista à conferência completa:
