A necessidade dos programas da Toon Boom na formação de Animadores

Veja a trajetória de Maria Petrassi, Bacharel em Animação, que se formou quando o curso ainda estava começando a ser explorado nas faculdades no Brasil e durante um período bastante conturbado para o ensino que foi a Pandemia.


Eu já sabia que queria fazer o curso de animação quando eu entrei no Ensino Médio!

Portifólio da Maria disponível no Behance

Como que você descobriu que queria fazer animação?

Maria: Eu dei muita sorte porque eu já sabia que queria fazer o curso de animação quando eu entrei no Ensino Médio.

O curso tinha recém-aberto, ia ter as primeiras turmas no ano seguinte. Então, as primeiras turmas foram quando eu entrei no Ensino Médio… Pelo segundo ano, eu já conheci uma pessoa que estava fazendo animação, aí já entrei em contato com ela.

Perguntei como era o curso, como eram as aulas… Então eu entrei já, tipo, bem “sabida”, não de animação, mas do curso, né? (risos) Eu fui pegar numa mesa digital pra valer no primeiro semestre do curso.

Sobre o curso de Bacharel, você sentiu que foi uma diferença para sua carreira atualmente? Você teria feito um curso digital?

Maria: Eu tive uma experiência um pouco diferente porque, assim como meus colegas que se formaram comigo, a gente passou pela pandemia. Levando isso em consideração, eu acho que eu ganhei muito mais fazendo um curso em Bacharel.

Tem que observar duas coisas: não é um curso técnico, então você não vai sair com a técnica masterizada. Todo mundo entra achando: “eu vou sair sendo O animador, vou entrar NO estúdio” e espera… Não é assim, você tá lá numa academia. Você está lá para produzir, entender, saber reproduzir conhecimentos acadêmicos.

Isso é uma coisa que muitos esquecem, até os professores esquecem. A gente não entrou para um negócio técnico e, sim, acadêmico. Se você ficar só nas aulas que dão, você não vai aprender animação.

Muitos alunos reclamam que, por exemplo, a gente não aprende Toon Boom na universidade e é o programa mais usado na indústria, todo mundo sabe disso. Mas por que a gente não aprende? Porque não tem a licença da Toon Boom, então eles não podem cobrar.

Então já teve essa troca entre vocês?

Maria: Sim, é caótico! Um aluno que sabe Toon Boom fica: “eu ajudo vocês, galera!” e vai ajudando os outros amigos. Uma veterana me ensinou os básicos e dái eu fui fazendo. Pedia ajuda pra ela, pedia ajuda na internet.

Mas essa movimentação começou porque vocês já tinham esse conhecimento? Sabiam que a Toon Boom é de fato o software que a gente precisa aprender pra poder entrar melhor no mercado?

Maria: Eu fui descobrindo assim com meus veteranos: “tudo toon boom!”

Mas, foi assim, os professores não podiam ensinar e… a maioria não sabia… Quando eu tive as aulas de animação 2D… Porque era um curso muito novo e eles também entraram meio que de paraquedas nessa área, então eles estavam ensinando mais a técnica, os conceitos e como você faz pra estudar isso sozinho.

Você mudaria algo no curso de Bacharel, sem pensar na sua faculdade especificamente?

Maria: Sim, eu gostaria muito que tivesse mais professores. Tinha um professor que era bom de animação e aí ele foi pra gringa, tinha outro professor bom de animação e ele foi pra gringa também… Então tem muita fuga de cérebro, muita fuga de profissionais bons…

Você acaba, não tem como… Conversando com todos que já se formaram e tavam se formando comigo, todo mundo entra em pânico quando chega na hora de se formar porque fica: “cara, eu não tenho as habilidades que a indústria necessita. Eu tenho ainda um bom caminho de estudo pela frente.”

Resumo da faculdade: tem projetos finais e que eles usam a tecnologia através do aprendizado das aulas.

Curta feito para o TCC de Animação da Maria

Eu queria que você falasse um pouquinho sobre o Storyboard que vocês usaram para live action. O que você achou do Storyboard para esse tipo de projeto?

Maria: Do live action especificamente foi um projeto final de edição de vídeo, então eu usei o Storyboard principalmente porque eu queria ver os enquadramentos.

Então, como eu já tava mais acostumada com a visão 2D, cinema de animação mesmo, pra mim, fazer no Storyboard foi muito mais fácil do que partir do roteiro. Eu sou mais visual.

Pra mim, o Storyboard Pro é o melhor programa que tem pra você fazer um Animatic. O meu negócio foi que eu queria ver os enquadramentos na composição inteira do vídeo corrido, os tempos, as trocas de uma cena pra outra, os elementos da continuidade.

Eu fiz meu TCC nisso… Acho que eu tenho uns 6 curtas que eu fiz usando o Storyboard Pro.

Você usa o Storyboard Pro pra animação?

Maria: Na realidade, eu usei pra fazer a pré-produção. Eu pegava meu storyboard do papel, abria o Storyboard Pro, passava os quadros e daí… Calculava mais ou menos a ação base… O personagem vai fazer uma pirueta? Fazia uns frames bem rabiscados mesmo no Storyboard Pro pra, no vídeo corrido, ter uma noção se tá funcionando bacana o timing pra depois, quando levasse pro Harmony, já ter aquilo definido e precisar mudar poucas coisas.

Pra mim, esse é o diferencial do Storyboard Pro… Você pega os seus quadros do papel e você pode colocar junto com o som, já definir o tempo… pra já marcar os frames e passar pro Harmony para uma animação mais rebuscada…

Mas o básico de timing, de enquadramentos e de troca de cenas já foi citado no storyboard. Pra mim, isso é… Storyboard Pro é essencial!

Curta feito por Maria e Gui Kirinus para a AnimaJam Lite 2023

Então você também usa Harmony?

Maria: Sim, eu uso o Storyboard Pro pra fazer o Animatic. Do Animatic eu animo com o Harmony. Geralmente, esse é meu fluxo de produção.

Indo além da animação 2D, Maria nos contou que também já usou o Storyboard Pro na pré-produção de stop motion.

Maria: Nossa, foi essencial pra: “tá nessa cena eu vou fazer esse movimento. Mais ou menos tantos frames que… No Animatic que eu fiz deram 10 segundos.”. Foi essencial, sem isso teria sido um caos.

Você ia demorar muito mais?

Maria: Muito, muita tentativa e erro, teria sido.

O storyboard otimizou bastante?

Maria: Sim. Ele pra mim é o programa que mais faz Animatics.

O negócio que bate é a compatibilidade com o Harmony, que você consegue exportar cada cena do seu Storyboard Pro e já criar arquivos do Harmony. Então você abre seu arquivo e já tem as cenas prontas, partes do setup ali. Você já pode até vincular cenário e tudo mais.

Então, isso pra mim acelerou demais o processo nas vezes em que eu tive que trabalhar sozinha porque não tinha alguém pra fazer setup pra mim, sabe? Esse fez todo o diferencial. Otimiza principalmente quando é uma pessoa fazendo tudo, sabe?

Você indica?

Maria: Ah, eu indico demais os dois!

Eu sempre falo pros meus calouros e quem vem depois: “cara, não perde tempo com preguiça de aprender programa novo, vai no Toon Boom que vale a pena, não perde tempo, é um diferencial.”

Uma dica para quem quer ser animador, trabalhar na área de animação.

Maria: Entrar com menos pretensão. Os alunos às vezes entram e dizem: “eu vou sair daqui O animador da Disney”. E eles esquecem que a animação é uma forma de arte e que como toda arte você tem o fator humano envolvido e eles esquecem às vezes de explorar essas áreas. Se esquecem de trabalhar em equipe, abrir o coração para coisas que tem certa relutância.


Relatos como o da Maria são muito comuns entre os jovens animadores. Por isso, conhecer as ferramentas da Toon Boom não deve ser visto como um extra nas instituições de ensino, seja uma faculdade ou um curso técnico, esses programas são essenciais para a formação de animadores que querem atuar na profissão.

Escrito por

Bruna Martins

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