Claudio martins conta processo por trás da animação ‘keya’

Traduzido e revisado por Nathalia Abrantes.

Originalmente escrito por Edward Hartley e publicado no blog da Toon Boom Animation.

“Keya” traz a cultura nativa do Brasil à tona em um novo filme de animação sobrenatural. Ainda em desenvolvimento por Claudio Martins, incorpora a narração de histórias indígenas em um conto encantador.

Na história, a adolescente Ana é misteriosamente curada após conhecer uma criatura sagrada chamada Keya, e sua vida se transforma. Quando essa criatura precisa ser resgatada, Ana começa uma jornada para salvá-la, e entra em uma aventura que exige um elenco de amigáveis personagens coadjuvantes.

O filme inspira-se em aspectos da própria vida de Cláudio, misturado com a criação e as histórias contadas por sua avó com o povo Tupinambá da Serra de Ibiapaba, no Brasil. Este conjunto único de influências faz, do trailer de Keya, um “relógio intrigante” quanto à harmonia entre a natureza e a história pessoal de uma menina. Com métodos tradicionais de animação e fundos pintados à mão, junto com técnicas avançadas do software Harmony da Toon Boom, Claudio e sua equipe criam um estilo atraente para o trailer do filme.

A Toon Boom falou com Claudio sobre o projeto. Depois de delinear o enredo de “Keya”, ele apresentou alguns membros da equipe que o ajudaram a dar vida ao conceito único do trailer. Ao fornecer uma visão dos estágios de animatic, rigging dos personagens e composição, Claudio dá dicas e conselhos para animadores novos e experientes.

Assista ao trailer e confira a entrevista completa mais abaixo.

Olá, Cláudio! Apresente “Keya” com uma breve sinopse da história.

Ana, uma adolescente, recebe a visita de uma tartaruga da Floresta Negra sagrada. Após uma nova noite de lua, Ana nota pictogramas sagrados emanando da casca da tartaruga, o que a intriga. Ana se recuperava de um ferimento físico, mas sua vida se transforma. Entretanto, a criatura adoece e é levada por sua tia Joana para a aldeia mais próxima, sem que Ana saiba. Ana foge em uma viagem para encontrar Keya, sua nova esperança nas aldeias antigas.

Keya é um animal sagrado que vem para se conectar com os humanos. Ela quer restaurar o equilíbrio na natureza; então, ela encontrou Ana. Por outro lado, Ana não sabe nada sobre sua cultura ou seus antepassados, o que leva a uma revelação durante o filme.

O que o público pode esperar quando vir “Keya”?

O filme é uma história original com um personagem único que retrata histórias indígenas em um novo mundo de aventura. “Keya” é inspirado em alguns fatos da minha vida, outros da minha avó, que era uma indígena Tupinambá da Serra Ibiapaba, e mitos que pesquisei ao redor do mundo e no Brasil.

Rig do personagem Yacatan fornecido por Claudio Martins e Animare Studio.

O trailer está organizado lindamente. Você pode descrever os personagens?

Podemos ver alguns personagens principais no trailer. Ana, que é uma descendente de indígenas. Seu novo amigo, Yacatan, é primo de sua tia. A professora de história, Macá. Cada um deles tem uma história que complementa (um ao outro) no filme.

Você pode apresentar a equipe que trabalhou em “Keya” e seus papéis no projeto?

Eles são as melhores pessoas do mundo. Pessoas super dedicadas que trabalharam no trailer.

Eu, dirigindo, roteirizando e supervisionando a animação. Emilio Utrera, que fez os conceitos de personagem para os quadrinhos que adaptamos. Rosinaldo Lages, que foi responsável pela animação, animatic e alguma direção de arte; trouxe sua experiência após ter trabalhado em um longa-metragem de animação da Disney. Lucas Galvão, que já trabalhou em arte conceitual para curtas e filmes, e deu vida às cenas, saturação e uma paleta de cores que eu imaginava para o filme. E o maestro e músico Thiago Gobet, que, com sua excelência musical e talento, fez uma faixa sensacional que me tirou o fôlego, criando um grande sentimento de expectativa no final do trailer.


Há muitas decisões de design a serem consideradas ao adaptar personagens dos quadrinhos para a animação.

Você pode nos dizer o processo de animação por trás do estilo visual do Keya?

Levamos dois meses para produzir o trailer. Mesmo sendo apenas 45 segundos, ele apresenta fundos pintados à mão, com animação cut-out nos personagens, e uma enorme quantidade de trabalho de animação tradicional para os efeitos. Realizamos testes de sombra e luz antes de animar tudo. Também foi feito um animatic para o tempo. Eu realmente queria que a pontuação condissesse com o ritmo das cenas e criasse o apelo do suspense no final.

Como o Harmony da Toon Boom ajudou neste processo?

Escolhi usar o Harmony da Toon Boomdevido à praticidade e facilidade de composição dentro do software. Usamos o Harmony para fazer todos os animatics, rigs de personagens e composição em tempo real, o que nos poupou muito tempo, ao invés de irmos para outro software e termos que remontar tudo para exportar e editar. Além de fazer alguns efeitos especiais, foi possível criar a atmosfera noturna animada no próprio Harmony.

O Harmony da Toon Boom foi nossa principal ferramenta de produção. A partir de traçados vetoriais, pudemos testar vários efeitos sem ter que sair do software. Os tons e as paletas eram fáceis de ajustar e fomos testando até chegarmos ao ponto que eu queria.

Imagem de layout fornecida por Claudio Martins e Animare Studio.

Quais surpresas podem ser observadas em “Keya”?

Keya é uma história cheia de reviravoltas. É uma aventura com muito drama, dirigida a um público jovem-adulto. Com personagens únicos e desenhos únicos também, nada que já tenha sido visto antes. Além de retratar os povos indígenas, traz uma mensagem importante sobre a natureza, nosso entorno e conservação, sem clichês ou sermões.

Quando o público pode assistir ao filme completo?

Agora, com o trailer e a bíblia gráfica prontos, terminamos nossa etapa de desenvolvimento. Estamos participando de editais públicos e esperamos conseguir um orçamento e recursos em breve para iniciar a produção. Até lá, ainda estaremos procurando subsídios de filmes para complementar isso. Esperamos que, muito em breve, até 2025, o filme esteja nos cinemas ou em plataformas de streaming.

Escrito por

Nathalia Abrantes

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