Matéria traduzida do artigo de Edward Hartley
The Throne (“O Trono”, em tradução livre) é uma comédia animada que mistura o esplendor da fantasia medieval com o humor moderno, através das aventuras animadas de um cavaleiro. Dirigido e produzido por Roy el Khawand e uma equipe dinâmica de jovens animadores da ECV Bordeaux, esse curta-metragem oferece uma nova abordagem a um gênero conhecido.
Estudante do quarto ano de animação e com especialização em animação 2D, Roy lidera o projeto ao lado da artista de efeitos especiais 2D Rozenn Chalons, da artista de cenário Emma Ducouvent, da artista de storyboard Clara Julien e da animadora 2D Leeloo Soules-Brandier. Juntos, criam uma narrativa histórica e cômica, combinando o amor em comum pela Idade Média para criar um universo animado e promissor, que nos deixa ansiosos por mais.
A história do protagonista está repleta de obstáculos hilários que contribuem para uma narrativa pra lá de cômica, responsável por virar de ponta-cabeça a jornada do herói clássico. Embora o projeto ainda esteja na fase conceitual, o estilo de animação da equipe promete cativar o público, com suas técnicas de pose a pose que enfatizam quadros-chaves expressivos e in-betweens mínimos.
Tudo acontece em um cenário medieval, trazido à vida em imagens conceituais lindamente elaboradas e rica arte de fundo. Com muitas piadas visuais para acertar, a equipe usou o Storyboard Pro para criar uma cadência cômica que desse ao curta um compasso e fluxo bem ritmados.
Conversamos com Roy, que nos revelou a experiência dele e da equipe na produção de The Throne . Conhecemos as técnicas e o trabalho em equipe que empregaram na produção, além de alguns dos desafios próprios do trabalho, em que amigos são ao mesmo tempo colaboradores. Ouvimos falar de castelos imponentes, obras de arte amedrontadoras, capas de arminho e inúmeros truques inventados pela equipe para criar um curta-metragem repleto de comédia!
Olá! Você poderia nos apresentar The Throne…
Roy: The Throne é um curta-metragem de comédia animada ambientado na Idade Média. A história gira em torno de um cavaleiro fanático por limpeza e um tanto pomposo, que se encontra no meio de um campo de batalha. Mesmo com a guerra se alastrando ao seu redor, ele parece cansado e entediado. Após partir ao meio uma flecha que lhe apontavam, ele avista os aposentos do rei inimigo no topo da torre mais alta do castelo, que se projetava para além do campo de batalha. O Cavaleiro corre em direção aos aposentos, deixando para trás o terreno encharcado de sangue. Ele deseja encontrar o rei e matá-lo.
Dentro do castelo, o Cavaleiro enfrentará banheiros intoleravelmente imundos, soldados de altíssima periculosidade, obras de arte amedrontadoras, arquitetura interna intrigante e escadarias intermináveis. Ele finalmente chega aos aposentos do inimigo. O momento pelo qual tanto ansiava. Com um empurrão, o Cavaleiro afasta o Rei, um velhinho gorducho e indefeso, que cai da janela.
Nada se interpõe entre o Cavaleiro e o que procurava o tempo todo… a latrina real. O Cavaleiro queria se aliviar no lugar mais asseado possível! De volta à cena do campo de batalha, o Rei atinge o solo e morre, o Cavaleiro deixa o castelo fechando o zíper das calças. Ele se joga no embate, pronto para lutar contra seus inimigos novamente.
Apresente-se e fale de sua equipe, explicando suas funções no projeto…
Roy: Meu nome é Roy. Sou um estudante de animação de 28 anos e curso atualmente o quarto ano na ECV Bordeaux, onde faço mestrado em Animação 2D e estou me especializando em Animação 2D. Pretendo ser um Compositor 2D depois de me formar.
Meus companheiros de equipe são a Rozenn, 25 anos, com especialização em efeitos especiais 2D; Emma, 21 anos, que escolheu Cenário como especialização; Clara, 21 anos, é nossa artista de storyboard; e, finalmente, Leeloo, também com 21 anos, é nossa principal animadora 2D.
Como você descreveria o estilo de animação de The Throne?
Roy: Como ainda estamos nos estágios iniciais de desenvolvimento, não posso responder com segurança a essa pergunta. Ainda não começamos a fazer testes de animação, mas estamos buscando um estilo de animação pose a pose, com pouquíssimos in-betweens e foco em poses fortes, quadros-chave expressivos e expressões faciais elaboradas.
Apresente os personagens principais do filme e explique o processo de desenho…
Roy: Em especial, temos dois personagens principais, embora nos concentremos em um deles. O Cavaleiro é um guerreiro forte e habilidoso. Ele veste uma armadura muito brilhante e dourada e transmite muita confiança, a ponto de parecer pretensioso e pedante. Seu principal defeito é a mania de limpeza. Ele é capaz de enfrentar uma centena de soldados inimigos, mas não suporta se sujar. Precisávamos dele para rir e, com o antagonismo entre suas duas características, conseguimos derrubar o clichê do Cavaleiro de Armadura Brilhante que tanto vemos nos livros e nas telas.
Decidimos, portanto, exagerar no sentido anatômico. Ele tem uma silhueta esbelta, pernas longas e magras e um tronco enorme, músculos peitorais imensos e uma armadura superdimensionada, longe de ser realista ou prática. Seu cabelo é loiro platinado, combinando com o tom dourado da armadura e a cor marfim da vestimenta, enfatizando seu asseio e resplendor e o quão poderoso e especial ele é. Isso também o torna absurdamente vistoso, seja no meio do campo de batalha ou dentro dos salões do castelo.
Nosso segundo personagem principal, que só vemos no final, é o Rei inimigo. Enquanto o Cavaleiro avança castelo adentro, muitas tapeçarias e pinturas retratarão esse Rei em diversas cenas gloriosas, cada uma muito mais épica que a anterior. O Rei parecerá ameaçador, perigoso, poderoso, lendário… divino mesmo! Até se revelar um velho indefeso, encolhido de medo em seus aposentos, encurralado entre o Cavaleiro e a porta da latrina. Com o personagem do Rei, ressignificamos o clichê do Efeito da Capa de Arminho, em que uma figura da realeza está sempre vestida com esmero, mesmo que a situação não exija isso. Ele não demora a encontrar seu fim, não representando ameaça alguma ao nosso Cavaleiro. No fim das contas, ele mal é um Rei.
Nós o vestimos com um casaco de arminho maior que seu tamanho (imagine as mangas balançando ao vento enquanto ele se precipita ao seu trágico fim) e lhe demos uma barba de formato incomum para reforçar sua aparência régia. Ele é um homem de pequena estatura, atarracado, na faixa dos 50 anos, contrastando absurdamente com a silhueta alta e esguia do Cavaleiro.
Conte-nos sobre o processo de criação dos storyboards em The Throne…
Roy: Em se tratando de storyboards, sabíamos que precisávamos ter um ritmo altamente dinâmico para a narração. As batidas narrativas consistem principalmente em trocadilhos e piadas, mas o tempo e o espaço são incomuns para uma comédia. Tentávamos encontrar um equilíbrio entre a grandiosidade do local e o absurdo do propósito do Cavaleiro.
Clara, nossa artista de storyboard, começou fazendo o esboço das cenas principais, com as quais todos concordamos visualmente, quando ainda estávamos redigindo o roteiro. Ela então as preencheu com as cenas intermediárias que faltavam, testando diferentes tomadas e movimentos de câmera. Em seguida, discutimos o que funcionava e o que não funcionava antes que ela retrabalhasse essas cenas intermediárias. A principal preocupação dela era fazer com que o público se lembrasse do Rei. É importante não esquecer que o Cavaleiro está à procura do Rei para que a reviravolta no final da história seja eficaz o suficiente.
O que o inspirou a ambientar seu curta-metragem nessa época?
Roy: Esteticamente falando, a Idade Média é um período de que todos gostamos. Castelos velhos e imponentes, armaduras e espadas, reis e rainhas. Inventar um mundo e seus personagens ambientados nessa época nos motiva muito, especialmente porque estamos fazendo uma comédia. Usamos a licença poética para brincar com a precisão histórica em todos os níveis, acrescentar anacronismos, referências à cultura pop e criar desenhos inspirados em referências da vida real, mas com um toque especial, como um castelo em forma de assento de vaso sanitário! Queríamos criar uma aventura divertida com metapiadas e trocadilhos que zombassem dos chavões que costumamos ver em missões épicas da Idade Média.
Você usará o Harmony na produção do projeto?
Roy: Por enquanto, ainda estamos ocupados com o desenvolvimento visual e storyboards/animatic. No entanto, nosso animador principal 2D dará início a alguns testes de animação na próxima semana. A animação propriamente dita não terá início até outubro.
Qual foi a coisa mais importante que todos vocês aprenderam durante a produção de The Throne?
Roy: Encontrar um equilíbrio entre sermos amigos e companheiros de equipe. Descobrimos que a comunicação é mais desafiadora no contexto de fazer um filme juntos. Não é fácil codirigir um curta-metragem, especialmente quando nós cinco temos gostos e preferências artísticas diferentes… Tenho certeza de que enfrentaremos mais desafios ao longo do caminho, mas, por enquanto, estamos focados em sermos honestos e sinceros, em vez de guardarmos nossas opiniões para nós mesmos. Ao mesmo tempo que somos cautelosos com o linguajar e o tom que usamos, pois manter o profissionalismo é prioritário.
Qual foi o maior desafio durante a produção de The Throne?
Roy: Acho que um dos maiores desafios que enfrentamos até agora é acertar o design visual. Como não temos exatamente os mesmos estilos artísticos, combiná-los ou descobrir um meio-termo que contribua com a história que estamos contando requer uma meticulosidade árdua. Ainda estamos descobrindo a direção que o filme tomará. Temos a história, as piadas e o ritmo narrativo. Agora, estamos concentrados nas maneiras de encontrar nossa identidade visual.
Conte-nos sobre como tem sido no programa de animação da ECV Bordeaux?
Roy: Todo ano tem sido melhor que o anterior na ECV Bordeaux. Conseguimos ver nosso crescimento e amadurecimento e a nossa expressão artística adquirindo confiança. Antes do início deste semestre, recebíamos trabalhos para entregar em um prazo definido. Desenho de cenário, produção de storyboards, desenho de personagens, arte conceitual, animação 2D… Exercícios que fizemos individualmente e, às vezes, em grupo ou dupla. Todos os nossos professores trabalharam no setor e alguns ainda são atuantes, em estúdios ou como freelancers. Então, a contribuição e o conhecimento deles são muito importantes e úteis.
No início deste semestre, as aulas regulares foram interrompidas e nosso curta-metragem tornou-se o foco principal. A cada duas semanas, a faculdade convida um profissional, que monta sua própria oficina (até agora, nos reunimos com animadores 2D, um diretor, um artista de acessórios, um artista conceitual). Juntos, trabalhamos dois dias consecutivos em nosso projeto de final de ano. É uma oportunidade para a equipe apresentar nosso curta-metragem às pessoas e ver as reações. Além disso, é revigorante ter uma perspectiva diferente sobre o trabalho que fizemos até agora.
Assim, “The Throne” exemplifica como o uso de ferramentas como o Toon Boom, aliadas ao talento e à criatividade de uma equipe dedicada, pode resultar em projetos inovadores e impactantes. Ao incorporar o Toon Boom em seus currículos, as universidades oferecem aos estudantes a oportunidade de explorar técnicas avançadas de animação, preparando-os para se destacarem no competitivo mercado de trabalho da animação.
Não deixe que seus alunos fiquem para trás! Adote o Toon Boom no ensino e capacite-os para transformar suas ideias em obras de arte animadas de alto nível.