Entrevista com Rani de Moraes, uma Instrutora Certificada e especialista em BIM

Com uma carreira apaixonada por BIM e ensino, Rani de Moraes começou a sua trajetória se formando como Arquiteta na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Inicialmente envolvida com projetos variados, contudo, seu desejo de ensinar fez com que Rani se dedica-se à consultoria e treinamento.

Hoje, além de ser especialista em BIM e uma Instrutora Certificada, Rani é diretora de um Centro de Treinamento Autorizado da Autodesk® focado em sua especialidade, o Espaço Quatre.

Pensando em compartilhar ainda mais os seus ensinamentos e aprendizados na área, nossa equipe entrevistou essa super profissional. Leia abaixo a entrevista completa:

Início da Carreira e Paixão pelo Ensino

Eu queria que você começasse falando um pouquinho de você. Como você começou a sua carreira nessa área?

Comecei atuando com projetos, atuando com vários serviços relacionados à formação de arquitetura e urbanismo. A gente que é da área… Não vislumbra tanto a área de consultoria de treinamento. Mas eu sempre gostei muito de ensinar. Eu tenho muita afinidade com ensino, com treinamento, com consultorias, na universidade eu já atuava também como monitora de alguns disciplinas.

Então, eu digo que está meio que no meu sangue, assim um gosto por ensinar e acabou que a minha carreira foi evoluindo, foi transitando de Projeto para Consultoria.

Ensino [foi] aos pouquinhos, até o momento que acabei é virando a chave, tendo uma mudança mais radical assim, eu tive que tomar decisão de olhar num projeto [e dizer]: “eu não dou conta mais porque eu preciso começar a me dedicar o ensino”.

E são duas coisas que são muito próximas, porque a gente precisa ter a base de projeto para ensinar, especialmente o que eu ensino, né?

Em 2015, foi quando eu tomei essa decisão difícil, quando a gente sempre tem que dizer não pra alguma coisa, para poder dizer sim a outra.

A Relação com a Autodesk®

Quando e como você teve o seu primeiro contato com Autodesk®?

Olha com Autodesk®, nossa, eu acho que foi no meu segundo período de Arquitetura. Eu acho que fiz um curso de AutoCAD® na universidade.

Assim, eu era desesperada para aprender AutoCAD®, então fiz um curso de extensão muito rápido, assim, de projeto e desenho com AutoCAD®, que não era necessariamente dentro da grade curricular.

Durante toda a minha graduação as ferramentas Autodesk® que tive conhecimento foram: AutoCAD® e 3ds Max®.

Quais softwares você usa hoje no seu trabalho?

Meu coração pulsa bate forte pelo Revit®, né? Faz o meu olho brilhar.

O AutoCAD®, a gente acaba, não tendo uma base, tendo um conhecimento, é necessário. Muita gente acha que porque faz bem, não precisa ter uma base AutoCAD®. Mas sim, é importante também! A gente acaba vendo que, no dia a dia, você precisa é solucionar questões relacionadas com AutoCAD® também.

Navisworks® que também hoje meu olho brilha muito.

E também tem as ferramentas online. A Autodesk® agora está investindo bastante e eu vejo muito futuro nisso, que é a parte do Autodesk Construction Cloud®.

No meu caso, mais especificamente, a minha base é mais do Autodesk® Docs, mas ali existem vários módulos em que a gente consegue desenvolver e gerenciar projetos através da Nuvem.

Leia também: Cloud e o futuro da construção civil com Gabriel Carvalho

A Jornada como Autodesk® Certified Instructor

Quando é que você decidiu se tornar uma ACI, uma instrutora mesmo da Autodesk®?

Acho que 2018, mais ou menos, foi que virei ACI, foi um divisor de águas. Eu acho que a questão dos Treinamentos Didáticos da Autodesk® são muito bons, mudou muito a minha forma de ensinar, né?
Porque uma coisa é você saber uma ferramenta, outra coisa é você saber ensinar uma ferramenta. E não é fácil ensinar software!

“A gente precisa de soluções que tragam ganhos mais imediatos, mais próximos da nossa realidade.”

Não é fácil, porque a maioria dos do dos professores não está muito focada em mostrar como para que o software funciona, para que usos. E, principalmente, as ferramentas BIM, que são muito específicas, né?

A gente tem que entender de projeto para poder usar a ferramenta, ensinar também da melhor forma. A curto prazo é mostrar como aquela ferramenta funciona e ela vai é trazer ganhos e benefícios para o usuário. Porque o Revit®, por exemplo, tem recursos que você consegue levar para o ciclo de vida do edifício até a parte de sustentabilidade e tudo.

Além de ser uma ACI, Rani também já possuía uma Certificação ACP (Autodesk® Certified Professional), aumentando ainda mais a sua credibilidade na área, afinal, ela precisou passar por um procedimento de validação de suas competências. Com isso, ela começou a receber mais oportunidades na área. E, ainda, ela viu o número de alunos interessados em seus cursos aumentar!

Vamos Falar de BIM?

Como você descreveria o conceito de BIM para quem está começando na área de construção?

Dizem que quando você vai conceituar algo, você tem que pensar como se estivesse explicando para uma criança de 6 anos, né? (risos)

Bem, eu diria que é como se a gente tivesse construindo um joguinho dentro do computador. A gente está fazendo ali como um jogo, construindo casas, edifícios, rodovias, cidades dentro do computador e ali a gente tem como não só construir essas casas, vê-las. E a gente tem como saber também informações sobre essas casas, sobre esses edifícios, sobre essas rodovias, sobre essas estruturas, urbanas.

A gente também não pode só é vincular o BIM apenas a edificações, mas também a estruturas urbanas, ao meio urbano. O ambiente construído como um todo.

Aí já não dá muito para explicar para uma criança de 6 anos porque começa a complicar (risos), mas conseguir coletar informações. É como se a gente chegasse e dissesse: “Olha essa casa, ela vai ter um custo X”. Aquela informação vai ficar armazenada e toda vez que eu precisar saber, eu consigo coletar essa informação.

Sobre o uso das informações em BIM, Rani comenta que há um grande desconhecimento. Infelizmente, muitas pessoas acreditam que se trata de apertar um botão para se gerar informações, quando, na verdade, é necessário imputar as informações. E é justamente nesse ponto que entra o profissional de BIM! Ele será responsável por conseguir essas informações da melhor forma possível.

Os Benefícios do BIM

Para você, quais são os principais benefícios do BIM em projetos de construção, infraestrutura e edificações?

Os principais benefícios são o melhor gerenciamento das informações, a redução de perda de informações, a redução de custos, consequência da redução de da de perda de informações. Porque boa parte do desperdício vem da ausência de informação ou de erros de informação. Então, na medida que a gente tem ferramentas que nos proporcionam inserir informações adequadas e corretas e da melhor forma possível, a gente consegue coletar essas informações e a gente tem menos erros nos canteiros de obra.

Se for falar mais tecnicamente, a gente iria para a parte de compatibilização de projetos. A gente poder visualizar, identificar os conflitos… No caso, a gente utilizando uma ferramenta como Navisworks®, identificamos os conflitos antes deles chegarem a obra para a gente não ter que resolver esse tipo de problema na obra que é o grande gargalo da construção civil brasileira: a falta de planejamento.

E quando a gente fala de planejamento, a gente está falando do planejamento, é do design como um todo, não só desenvolver ali, cada um no seu quadrado, o arquiteto fazer o BIM dele ali, o Revit® fazendo a modelagem dele. A estrutura faz lá… E depois? Nada disso é vinculado, unificado para a gente avaliar como é que esses projetos se compatibilizam.

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Visualização do poder de ter todas as informações da construção num ambiente digital

Por fim, Rani abordou de forma exemplar a aplicação de um conceito chamado Modelo Federado na construção civil, que integra várias disciplinas como arquitetura, estrutura e instalações. Esse modelo permite a verificação de interferências antes que elas ocorram no canteiro de obras, além de gerenciar o planejamento construtivo.

O Futuro com Gêmeos Digitais e BIM

A metodologia BIM se complementa com o desenvolvimento dos Gêmeos Digitais, você acredita nisso?
Com certeza! Na verdade, não é possível haver Gêmeos Digitais sem BIM. Ele que vai permitir que a gente consiga chegar nesse objetivo.

O BIM, hoje, eu vejo como um guarda-chuva e que acaba contemplando diversas tecnologias… Que eventualmente estão dando suporte ao BIM ou que estão precisando dele para funcionar. Então, se retroalimentam. Falando de gêmeos digitais, a gente poderia levar isso para a realidade aumentada, visualização do canteiro, análises de desastres

A gente tem que ter o BIM, que é a informação. Então, esses modelos digitais ou o gêmeo digital, ele é uma correlação entre um ativo físico e um ativo virtual… Que só existe pelo BIM!

Case de Sucesso

A questão da modelagem para quantificação. Foi uma consultoria que prestei para uma construtora aqui do Rio Grande do Norte.

Foi importante para mim, porque eu tive a oportunidade de testar um método que desenvolvi para modelagem de revestimentos, então foi tese do meu TCC da minha pós-graduação em BIM.

Eu tinha essa angústia de desenvolver uma metodologia de modelagem que fosse mais produtiva, mas que, ao mesmo tempo, me desse uma precisão nos quantitativos e pensando com a cabeça de arquiteta. Porque lá no Revit®, a gente quando vai construir uma parede, vai pensar de um lado da parede e do outro. A gente está pensando no ambiente aqui, no outro ambiente do outro lado… E na cabeça de arquiteta, quando está concebendo, a gente pensa em ambientes, eu estou pensando numa sala e eu quero revestir essa sala, então para mim foi um projeto muito bacana, porque eu tive a oportunidade de testar esse método de modelagem.

Eu tive a oportunidade de coletar lições aprendidas, melhorar o método também e… A partir disso, eu desenvolvi um curso de Revit® focado em modelagem para quantificação.

Recado Para Quem Deseja Seguir na Área

Conselho que eu dou para qualquer profissional da construção civil é: não perca uma oportunidade de se se aprimorar em BIM.

Às vezes, a gente tem uma vaga de emprego que não é a melhor coisa, mas tem a oportunidade de você ser aprimorar em BIM… Até mesmo para quem é estudante, uma vaga de estágio: não perder oportunidades de se aprimorar.

Está cada vez mais urgente, especialmente com os decretos federais, com a nova lei de licitações, com as normas que vem cada vez mais focadas no BIM.

Para quem quer ser instrutor, focando no ACI, acho que a primeira coisa tem que fazer é procurar um centro se prontificar. Se aparecer uma oportunidade de ser instrutor no centro, não perca, porque muda muito a nossa visão da ferramenta.


Rani nos mostra que, sem dúvidas, o ensino e a consultoria em BIM abrem novas portas e oferecem oportunidades enriquecedoras, ainda mais quando você é um profissional certificado e reconhecido internacionalmente.

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Escrito por

Bruna Martins

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